Transformando olhares sobre a infância: fenomenologia e arte na pesquisa com crianças

Autores/as

  • Brunara Batista Reis Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Mônica Botelho Alvim Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumen

O artigo tem como objetivo discutir a metodologia de pesquisa-intervenção de um projeto fundamentado interdisciplinarmente na fenomenologia, Gestalt-terapia e arte, apresentando o recorte de uma pesquisa que problematizou o adultocentrismo na compreensão da infância em favelas. Partindo dos trabalhos de Merleau-Ponty sobre infância, compreendemos a criança como ser-no-mundo, que percebe e dialoga corporalmente como outro e vivência tempo, espaço e corpo de modo singular. Nossa metodologia propôs uma ação-pesquisa voltada à experiência mesma da criança, orientada pela questão “Como é ser criança na Mangueira?”. Realizando oficinas de experimentações artísticas e brincadeiras em grupo, pudemos construir um espaço de diálogo que acolhesse a especificidade dos modos de existência infantis. Os resultados são discutidos a partir de vinhetas recortadas dos diários de campo, concluindo que o exercício lúdico motiva a participação, tornando a criança uma “pesquisadora” e permite ao pesquisador resgatar um “corpo infantil” e dialogar com a criança aberto à imaginação e ao modo peculiar de experienciar o espaço-tempo. A percepção de que o adultocentrismo se mostrava no fundo dos gestos dos pesquisadores foi um importante elemento para reafirmar a necessidade de atenção ao problema e a adequabilidade da perspectiva metodológica de valorização do corpo e da expressão não-verbal.

Palabras clave:

adultocentrismo, brincar, Merleau-Ponty, favela